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terça-feira, 31 de maio de 2011

A Sociedade e a mãe que entrega seu filho para a adoção



Juliana Hatanaka Santos[1]

Orientação: Rosângela Paiva Spagnol (Prof; MS.)


“Sou filho de um pecado sem perdão”

Autor desconhecido             




A entrega de bebes recém nascidos a entidades assistenciais é algo que acontece a muitos e muitos anos, mas que muitas pessoas abominam e criticam tal ato sem ao menos pensar no que poderia estar sentindo a mãe para cometer tal ato de repúdio.
Antigamente as mães possuíam a famosa roda dos expostos da Santa Casa onde deixavam anonimamente seus filhos. Na época as mães solteiras deixavam seus filhos por medo de como a sociedade reagiria ao saber que ela estava grávida, e não possuía um marido, que aquele filho era fruto de uma paixão que desencadeou um ato que a sociedade abominava antes do casamento, e sendo assim nós sabemos que ela não seria boazinha com essa mãe, ela faria de tudo para que a mesma acabasse por deixar excluir-se da sociedade, e excluir-se do mundo. Com isso as freiras da Santa casa acolhiam  as crianças sem saber a identidade da mãe, e as criavam ou as entregavam para a adoção que naquela época não era tão grande como hoje, mas que já existia.
Com o passar dos tempos e a extinção das rodas diferentes tipos de abandono foram encontrados para as mães, e os motivos não mudaram, apenas se incrementaram. As mães começaram a abandonar seus filhos pela falta de dinheiro, a falta de compreensão dos pais por causa da pouca idade, e a não assistência psicológica durante a gestação, inda mais se for conflituosa por vários motivos, como exemplo temos o estupro.
O detalhe é que a sociedade critica, mas, não se esforça para tentar entender que também pode ter culpa, e que o mito de que a mulher é posta na sociedade para criar e cuidar da casa é algo que foi a sociedade mesma que construiu sobre ela, sem que a mulher pudesse ter escolhas de querer ou não se sujeitar apenas a tais atos.

EVA GILBERT (1997) diz que:

 “ embora a presença de alguém que ampare seja insubstituível para a cria humana, não é possível afirmar que esse papel só possa ser cumprido por quem a gerou”.[2]

Assim ela quer dizer que nem sempre a mãe tem condições de criar seu filho, e que outras pessoas podem, e assim farão com que essa criança se torne mais feliz, seja amada, respeitada e amparada por toda a sua vida.
O mito de que o amor materno é eterno pelo seu filho também é algo imposto pela sociedade, porque se fosse assim o amor da mãe que adota seria menor, ou não existiria?
O amor é de quem cria, quem educa, de quem cuida, da presença, da convivência. É obvio que a mãe possa sim possuir uma amor diferente mais porque ela cria laços, vínculos com seu filho, porque ela o vê crescer e aprender o que é certo e errado, mas a mãe que não tem a convivência, que não faz ter o laço ou o vinculo não se pode dizer que ela ira amar aquela criança eternamente, ou ate mesmo pode amar só que ela sabe que as condições de criar aquela criança será difícil, então o amor é tão grande que ela acaba abrindo mão da criança para que ela seja feliz.
A verdade é que nem toda mãe que entrega seu filho para a adoção é má, ou faz isso porque gosta, porque na verdade ela não gosta, ela faz porque sabe que não ira ter condições de criar aquela criança, o mito imposto na sociedade da crueldade da mãe é algo que deve ser interpretado de outra forma, se pensando na criança como um ser que merece outra pessoa para amá-la e respeitá-la.
As criticas ficam em torno da mãe, mas ninguém pensa no bem estar da criança, todos pensam que ela estaria melhor com a mãe que não a desejava, ou que não a pode criar, mas não pensam nos problemas que essa criança poderá ter se continuarem a obrigar a mãe a ficar com ela, pois imagina a convivência dessa criança com alguém que não te quer, ou que não pode te criar, que não tem estrutura para te dar uma boa educação.
A criança tem como seu espelho a mãe, que é aquela que a coloca para dormir, que lhe acorda para ir para a escola, que lhe da carinho e cuida quando machuca, que abraça e aconchega quando chora, que sorri com as atitudes engraçadas e ate mesmo as feias, que sempre esta ali quando se precisa. Agora imagina essa criança em um ambiente com uma mãe com um monte de problemas e que te considera um dos seus problemas.
O mito da mãe que entrega seu filho para a adoção é algo que a sociedade impôs de forma preconceituosa e de triste aceitação, pois não se percebe, ou se vê as alternativas e sim, apenas as criticas.

Bibliografia

GILBERT, Eva: GORE, Silva Chavanneau; TABORDA, Beatriz. Madres Excluídas. Buenos Aires: Grupo Editorial Norma S.A., 1997.

FERREIRA, M. R. P. ET al. Além do seu apoio elas precisam da sua      orientação- Cartilha da campanha – mude um DESTINO (Campanha da AMB em favor de uma adoção consciente)  São Paulo: Associação Brasileira dos Magistrado, s/d.


[1] A aluna autora é graduando do 3º período  da Faculdade Barretos
[2] GILBERT, Eva: GORE, Silva Chavanneau; TABORDA, Beatriz. Madres Excluídas. Buenos Aires: Grupo Editorial Norma S.A., 1997.

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